Isaac Warden Lewis
Cláudia Pereira
e Cláudio Pereira eram irmãos e estudavam em uma escola municipal. Suas
atitudes e interesses eram diferentes. Moravam em uma casa grande, confortável.
Seu pai, Senhor Cláudio Pereira da Silva, era artesão, produzia obras de arte e
gostava de ler e era apaixonado por livros, em especial, livros que revelavam a
história da ciência.
A jovem Cláudia
Pereira via os livros de seu pai como objetos, coisas como outras quaisquer.
Todos os dias, ao retornar da escola, ela jogava sua pasta, contendo os livros,
sobre uma mesa em seu quarto e só lembrava da pasta e dos livros no outro dia,
na hora de ir para a escola. Mas ela sabia tudo sobre a programação de bailes,
espetáculos e divertimentos que ocorreriam no final da semana. Conversava com
suas amigas sobre a programação do final da semana e ficava sabendo quem iria e
quem não iria. Depois disso, seu tempo era preenchido com a preocupação em
aprontar o vestuário, sua aparência e preparar um repertório de informações
para transmitir as suas amigas nos eventos semanais.
O jovem Cláudio
Pereira interessava-se pelos livros do seu pai. Estava sempre folheando um
livro e escolhendo um para ler. Ao retornar da escola, arrumava seus livros e
cadernos sobre a mesa e avaliava as tarefas escolares que deveria dar mais
atenção. Sempre procurava ler sobre um assunto que este ou aquele professor
abordaria na próxima aula. Quando ele se reunia com seus poucos colegas, todos
discutiam e discorriam sobre um assunto de um livro que estavam lendo ou sobre
os acontecimentos políticos do país ou notícias de guerra em algum país, ou
ainda obras literárias de autores nacionais ou universais ou sobre a história
da ciência.
Sua irmã
percebia essas reuniões com uma certa estranheza e tinha a impressão de que seu
irmão e os seus colegas imaginavam estar numa sala de aula, cumprindo tarefas
escolares sem a mínima necessidade de despender tal esforço. Ela se perguntava
para que discutir sobre política, guerra, revolução. religião, ciência ou história. Para Cláudia
Pereira, bastava a compreensão de um conhecimento repassado por um sacerdote
para a sua vida. Ela não entendia por que seu irmão insistia em dizer que o
leitor deve fazer o esforço de aprender a construir um conhecimento da
realidade e não simplesmente assimilar um conhecimento pronto da realidade.
Numa noite,
Cláudia Pereira preparava-se para ir a um baile com suas amigas. Ao passar pelo
quarto do irmão, ela percebeu que ele estava lendo um livro como sempre. Ela
lhe perguntou: ‘Mano, você não se diverte?”
– “Quem lhe
disse que eu não estou me divertindo.”, respondeu Cláudio Pereira.
Manaus, agosto,
2020
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