Isaac Warden Lewis
A pandemia dos coronas exacerba e ilumina as batalhas
das lutas de classes presentes nas sociedades colonizadoras e nas sociedades
colonizadas. Nessas sociedades, os pedagogos oficiais declaram, por exemplo, que
a alfabetização precária prejudicará danosamente o desenvolvimento cognitivo
das crianças desfavorecidas. Por acaso, esses pedagogos oficiais olharam ao
redor para ver se a alfabetização recebida pelas crianças favorecidas foi
melhor do que a oferecida às crianças desfavorecidas? A propósito disso, temos
o exemplo de George Bush (o pai) que descobriu que a maioria dos cientistas e
doutores dos Estados Unidos eram analfabetos funcionais, pois não conseguiam
entender um texto da área de Ciências Humanas, embora fossem bons profissionais
nas áreas técnicas e tecnológicas. Outro exemplo é do Haiti. Será que os
pedagogos oficiais imaginam que as classes favorecidas desse país e de outros
países colonizados são funcionalmente alfabetizados, embora ostentem diplomas
de universidades de seus países e de países colonizadores? Os pedagogos
oficiais exaltam continuamente a possibilidade de os estudantes aprenderem à
distância durante a pandemia e depois da pandemia. Será que esses pedagogos
oficiais perguntaram se os estudantes das escolas públicas, particulares ou
militares aprenderam a estudar metódica e disciplinadamente ou eles esperam que
a didática catequética ou da educação bancária seja suficiente para que os
estudantes progridam em seus estudos? No Brasil, há ainda educadores que
insistem em adotar a didática e a pedagogia jesuítica adotada na Europa no
início da Idade Média e ignoram as didáticas e pedagogias modernas propostas para
o ensino das Ciências tanto por educadores laicos quanto por educadores
católicos e protestantes no início da Idade Moderna. Os pedagogos oficiais
ignoram também as lutas por reformas educacionais no Brasil propostas por
educadores brasileiros, laicos e católicos, entre 1920 e 1960, visando
democratizar os conhecimentos científicos para a maioria da população
brasileira, contrapondo-se à educação como privilégio, vigente desde a chegada
dos jesuítas com os invasores portugueses no século XVI. A quem interessa essa
educação à distância? Será que a velha questão da qualidade do ensino para
todos preocupa os pedagogos oficiais? Basta importar técnicas, tecnologias e
procedimentos educacionais de países colonizadores e ignorar propostas criadas
por professores, educadores e estudantes de países colonizados que conhecem bem
os seus problemas e suas deficiências e estão interessados em resolver esses problemas e essas deficiências?
Nunca é demais
lembrar que militares de países colonizados da América Latina, que foram para
os Estados Unidos depois da Segunda Guerra Mundial, trouxeram para os seus
países práticas policiais e militares prejudiciais a seus países e, em
especial, aos cidadãos desses países. Esses militares foram funcionalmente
alfabetizados? Os políticos que enviaram esses militares para “missão de paz”
demonstraram ser funcionalmente alfabetizados? Também, é bom perguntar que qualidade de educação
democrática os Estados Unidos ensinam aos seus jovens, os quais, depois de
formados, entram em um avião para despejar bombas sobre países do Oriente sem
nenhum remorso?
Nos cem anos de
nascimento de Paulo Freire, todos os brasileiros que amam seu país e respeitam
a soberania de todos os países do mundo têm motivos para se orgulharem do
educador brasileiro e universal, nascido em Pernambuco, no dia 19 de setembro
de 1921.
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