Isaac Warden Lewis
O Brasil
comemora oficialmente 200 anos da proclamação da independência de Portugal.
Entretanto os acontecimentos trágicos e dramáticos sofridos pelos indígenas em
suas terras, pelos afro-brasileiros nos quilombos e nas favelas, por jornalistas
e missionários/as comprometidos/as com a melhoria das condições de vida de
indígenas, afro-brasileiros, trabalhadores sem terra ou sem teto, todos vítimas
de violência praticada por forças armadas que supostamente existem para a
proteção de povos anteriormente colonizados e explorados pelos colonizadores
portugueses através de suas classes privilegiadas portuguesas e de suas classes
favorecidas luso-brasileiras, demonstram que a proclamação da independência
constituiu uma ficção, uma invenção produzida pela diplomacia do imperialismo
britânico para usufruir das matérias primas produzidas pela colônia portuguesa
e controlar a produção agrícola e comercial. Desse modo, os ideólogos
britânicos não deveriam ficar perplexos quando cidadãos ingleses são baleados
ou mortos nas favelas brasileiras, no rio Amazonas ou nos territórios indígenas
da floresta amazônica, uma vez que os poderes políticos, militares, jurídicos e
policiais luso-brasileiros existem desde o período colonial para coagir,
perseguir e punir os povos nativos da América, da África, Ásia, além de colonos
portugueses rebeldes com relação às
determinações contidas nas Ordenações promulgadas pelo reis portugueses que
discriminavam negativamente os povos nativos de continentes não-europeus.
Aprendemos com
um personagem , Rafael Hitlodeu, criado por Thomas More (1478-1535), em seu
livro “Utopia”, que, no início do século XVI, a Inglaterra estava-se
transformando radicalmente porque uma nova classe de comerciantes capitalistas
estava açambarcando as terras do reino inglês para criar carneiros para
produção de lã, visando atender sua ganância de lucros comerciais e
industriais, expulsando famílias e mais famílias das terras, tornando-as
miseráveis e famintas, levando alguns de seus membros a praticarem roubos e
outros crimes e, consequentemente, a serem enforcados. Essa ação de açambarcamento
ou de monopolização de terras vai ser exportada pelos colonizadores europeus
para outros continentes em benefício das classes privilegiadas europeias,
ignorando os direitos de ocupação dos povos nativos americanos pré-colombianos,
africanos, asiáticos. Os colonizadores europeus praticaram crimes hediondos
contra os nativos desses continentes, muitas vezes, aliando-se a nativos para
massacrar os nativos que reagiam contra os colonizadores. No Brasil, a história
desses crimes praticados contra os nativos apresenta-nos uma lição inestimável.
No século XVII, os povos indígenas guaranis obtiveram do rei da Espanha o
direito de usar armas de fogo contra os bandeirantes paulistas escravagistas.
Foi dessa maneira que os portugueses, os
mamelucos e seus aliados indígenas
aprenderam a não atacar covardemente as populações pacíficas que viviam nas
missões jesuíticas. Entendemos que somente dessa maneira, as favelas, os
quilombos, as terras indígenas poderão ser protegidas. Infelizmente, a partir
da proclamação da independência, esses nativos foram destituídos do direito de
se defenderem em seu território e, por isso, eles vêm sendo exterminados
covardemente pelas forças políticas, militares, jurídicas, policiais e
mercenárias luso-brasileiras que supostamente deveriam protegê-los. Em resumo,
uma proclamação de independência é apenas uma proclamação e não uma ação revolucionária
efetiva e radical de independência.
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