Isaac Warden Lewis
Havia
escassez de alimentos na floresta. Alguns animais tinham dificuldade em
encontrar caça para alimentarem a si e a sua prole. Em vista disso, o leão, o lobo,
a raposa, o cachorro e o gato encontraram-se para debater a questão. Depois de
longa discussão, decidiram unir seus esforços e suas habilidades individuais
para conseguir alimento para o grupo.
Partiram, então, em busca de uma
caça, cada um utilizando sua sagacidade com o intuito de possibilitar o sucesso
do empreendimento. A raposa, logo que se deparou com uma caça, procurou
atraí-la para local apropriado, onde seus companheiros pudessem apanhá-la. O
gato correu para avisar ao cachorro, ao lobo e ao leão sobre a caça descoberta
pela raposa. Imediatamente, o lobo correu e procurou perseguir a presa, fazendo ir
em direção ao local onde deveria ser abatida. O cachorro interveio acuando a
presa numa caverna. O leão chegou e atacou a presa, matando-a.
Logo, os cinco companheiros estavam
reunidos em torno da caça para deliberarem sobre sua partilha. O leão tomou a
palavra e disse que dividiria a caça em cinco partes iguais e, efetivamente,
ele a dividiu em cinco partes iguais. Depois, declarou que faria a divisão da
caça de maneira equitativa. Disse que ficaria com quatro partes da caça e daria
uma parte para os quatro companheiros. Pegou um graveto e tentou demonstrar aos
seus companheiros que fizera uma divisão equitativa. Escreveu no chão assim:
Sendo 1 = 4,
Logo: 4 = 1.
Depois dessa demonstração, perguntou
aos seus companheiros se eram de parecer contrário. A raposa, mais que
depressa, falou em nome dos animais espoliados, dizendo que a divisão do leão
merecia uma discussão e deliberação do grupo dos quatro animais que receberiam
somente uma parte da caça e solicitou a compreensão do leão para que o grupo
majoritário se retirasse, momentaneamente, para refletir e decidir sobre a
proposta leonina.
Assim que a raposa percebeu que
podia falar sem ser ouvida pelo leão, explicou ao gato, ao cachorro e ao lobo o
que ela pensava sobre a patifaria do leão. Começou dizendo que a demonstração
matemática do leão era falsa, pois que “um nunca é igual a quatro”, donde se
concluía que “quatro não podia ser igual a um”. Mas que era importante que os
quatro companheiros espoliados se unissem para não serem vencidos pela astúcia
leonina. A seguir, a raposa explicou que o leão tinha força e detinha, por
isso, maior poder de violência, contra o gato, o cachorro, a raposa e o lobo
isolados uns dos outros e, possivelmente, com algum esforço, ele poderia vencer
os quatro animais juntos. Para se apropriar da maior parte da caça, o leão
poderia utilizar sua força, sua violência, contra os quatro animais espoliados.
Mas, nem sempre a violência era garantia de que os espoliados se submeteriam
aos poderosos, aos espoliadores. Então, esses usam de argumentos ou ideias
falsas com o objetivo de persuadir os espoliados da pretensa honestidade de
suas decisões e propostas.. Os argumentos ou ideias falsas são utilizados pelos
espoliadores com a finalidade de justificar suas decisões e convencer os espoliados de que a decisão tomada é boa para todos.
A raposa concluiu dizendo que só
havia duas alternativas:
A primeira era aceitarem a ameaça de
violência e a falsa demonstração matemática do leão e consequentemente ficarem
somente cum uma parte da caça.
A segunda era demonstrar ao leão que
eles, reunidos, rechaçariam e enfrentariam qualquer violência leonina e poderiam
provar que “um porrete não é igual a quatro porretes e nem quatro porretes são
iguais a um porrete”. Daí, exigiriam do leão a divisão de um quinto da caça
para cada animal que participara da caçada.
A seguir, os animais espoliados
passaram a meditar sobre as duas alternativas propostas.
.........
Do livro "A
reflexão dos animais espoliados e outras fábulas".
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