Começaremos com algumas
premissas. Religião não existe sem sociedade. Partido não existe sem sociedade.
Uma sociedade de classes não existe sem pessoas, trabalhadoras ou exploradoras
do trabalho dos outros, desfavorecidas ou privilegiadas, conscientes ou alienadas. Pessoas que pensam e pessoas que não gostam de pensar.
Geralmente aprendemos a pensar na escola ou com pessoas que gostam de pensar. A
função da escola, no mundo moderno, pós-renascentista, pós-iluminista,
pós-revolução francesa, é desenvolver a capacidade crítica e científica do
aluno, ou seja, é ensinar o educando a pensar. Por isso, a maioria das
sociedades modernas estabeleceu a laicização do ensino.
Nós sabemos que os
fundamentalistas religiosos (cristãos ou muçulmanos) posicionam-se contra a
laicização do ensino (nas escolas e nas universidades), da política, do
governo, do judiciário, da república, enfim, de todos os organismos de um
estado moderno, com a complacência de políticos que se dizem democratas ou
socialistas. Um exemplo disso ocorreu há dois ou três anos, no estado do
Amazonas, quando as secretarias de educação coagiram professores e professoras
de todas as áreas de conhecimento a fazerem curso de ensino religioso para
conseguirem mais outra carga horária para melhorar seus parcos salários.
Os defensores da escola
sem partido não se questionam se é possível a existência de uma escola sem
partido numa sociedade de classes, onde há conflitos entre várias classes
quanto aos seus interesses. Esses defensores, também coerentemente, não se
perguntam a quem interessa uma escola supostamente sem partido. Esses
defensores não saíram a defender, aqui no estado do Amazonas, uma escola sem
ensino religioso e nem se perguntaram a quem interessava ensino religioso nas
escolas. Também não se perguntam por que pastores e missionários, ao invés de
pregarem amor ao próximo para os pobres no Terceiro Mundo, não pregam amor ao
próximo aos capitalistas e aos ideólogos dos Complexos Industriais Militares
dos países do Primeiro Mundo? Os defensores da escola sem partido e com ensino
religioso não questionam as atividades de alienação mental praticadas por missionários
e pastores no Terceiro Mundo.
As secretarias de
educação e o Ministério da Educação deveriam discutir uma séria formação
científica dos estudantes nas escolas e dos acadêmicos de todas as áreas nas
universidades com o objetivo de prepará-los para entenderem não só os saberes
de suas áreas profissionais como também a história das sociedades em geral, da
sociedade em que vivem e das instituições que existem nessas sociedades,
incluindo as religiosas e os partidos políticos. Isso implica, obviamente, a
análise crítica dessas instituições. Por isso, mais importante do que inserir
ensino religioso nas escolas ou instituir a escola sem partido é ensinar os educandos
a entenderem a história das religiões e das instituições políticas desde a
pré-história até a época contemporânea para possibilitar seu desenvolvimento
intelectual completo e crítico.
É mais fácil e cômodo os educandos entenderem a história dos grandes ídolos da música POP ou do cinema do quê das religiões e das instituições políticas. A mídia facilita e simplifica o acesso.
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