quinta-feira, 2 de abril de 2020

A CONSAGRAÇÃO DO "MISTÉRIO"

                                                                                                   Isaac Warden Lewis
Na Antiguidade, sacerdotes, escribas, letrados e legisladores concentraram-se em destacar palavras como alma, espírito, fantasma, destino, acidente, contingência, incidente, sorte, fortuna, mistério para explicar fenômenos e acontecimentos supostamente incompreensíveis. Tais palavras passaram a representar seres mágicos poderosos. Depois, foi acrescentada a ideia de que esses seres seriam capazes de propiciar felicidade ou infelicidade aos seres humanos. Para tanto, sacerdotes, letrados, e legisladores declararam  ser os mediadores, para o bem ou para o mal, entre esses seres e os pobres seres humanos, destituídos de saberes e poderes mágicos. Iniciou-se, desse modo, a justificativa para explicar fenômenos e acontecimentos que não poderiam ou não deveriam ser investigados a fundo pelas autoridades competentes, ou seja, os próprios sacerdotes, escribas, letrados, legisladores. Há mais de dois mil anos, incompetência profissional, crimes contra humanidade, genocídios, massacres foram justificados como acidentes, incidentes, contingências ou explicados como fatalidades do destino ou da vontade do espírito, da alma ou de algum fantasma ou fazendo parte de algum mistério, de alguma sorte ou fortuna.
Até a Idade Média, podemos entender que explicações metafísicas fossem aceitas pela maioria da população (incluindo acadêmicos e letrados), pois os conhecimentos sobre a realidade natural e humana eram bem precários. É surpreendente que alguns cientistas, estudiosos, acadêmicos, legisladores, médicos, professores, em pleno século XXI, insistam em justapor seres inexistentes ou abstratos a certos acontecimentos, fenômenos ou a certas incompetências profissionais reais que ocorrem na realidade natural, social ou humana. Por que essa insistência? Será que tais estudiosos não conseguiram se libertar das ideias inventadas por sacerdotes comprometidos com os interesses patriarcais, patrimoniais ou políticos das classes privilegiadas do mundo antigo e do mundo contemporâneo? Um exemplo de coragem e honestidade intelectual nos é dado pelo cientista Pierre-Simon Laplace (1749-1827), ao responder à indagação feita por Napoleão Bonaparte pelo fato de esse cientista não ter se referido ao construtor do universo em seu livro, o qual versava sobre o sistema do universo:
Napoleão: “Me disseram que você escreveu [...] sobre o sistema do universo e jamais sequer mencionou seu criador”.
Laplace: “Eu não precisei fazer tal suposição.”
É preciso honestidade e competência intelectual para que estudiosos, legisladores e políticos brasileiros se manifestem vigorosamente e indignados contra o episódio em que soldados dispararam  mais de oitenta tiros contra uma família que viajava em um carro. Para a História, isso não foi um “incidente”, nem um “mistério”.  Esse episódio exige um estudo sério e rigoroso sobre o curso de formação de oficiais, sargentos e cabos das Forças Armadas brasileiras e sobre o treinamento técnico e intelectual dos soldados, de modo geral. Afinal de contas, é papel das Forças Armadas de países do Terceiro Mundo combater os naturais de suas próprias nações e manter a ordem na periferia do capitalismo através da mediação da Organização das Nações Unidas em prol de países do Primeiro Mundo? Se houvesse a predominância de honestidade intelectual entre os estudiosos e os legisladores brasileiros, os crimes perpetrados por policiais e militares covardemente contra civis seriam investigados a fundo, punidos seus autores (executores e comandantes), obrigado o estado brasileiro a indenizar suas vítimas dignamente. Então, poderíamos concordar, com estudiosos, legisladores e políticos, que vivemos em um estado democrático de direito.    
 

sexta-feira, 27 de março de 2020

BARBÁRIE VERSUS CIVILIZAÇÃO

                                                                                            Isaac Warden Lewis
O que é barbárie?
É resposta pronta, fácil, catequética, religiosa.
O mundo é um mundo dado, criado por deuses,
seres supostamente superiores.
Tudo o que existe é parte da divindade:
a natureza, a vida, as plantas, os animais, os seres humanos.
Tudo é desígnio divino:
a vida ou a morte: a felicidade ou a desgraça;
a riqueza ou a pobreza; a paz ou a guerra;
a igualdade ou a desigualdade;
a justiça ou a injustiça; o paraíso ou o inferno.
O bem é dádiva. O mal é castigo.
A religião adora divindades,
louva os sacerdotes e os poderosos,
justifica a barbárie, a hipocrisia, a mentira,
a falsidade, a desumanização,
a exploração dos seres humanos pelos seres humanos,
sacraliza o mistério, o destino, a sorte, a fatalidade,
difunde a discriminação, o preconceito, produz alienação.

O que é a civilização?
É proposta, promessa, utopia,
aspiração de um mundo melhor,
uma vida melhor
e de seres humanos melhores.
O mundo está em permanente construção,
resulta do esforço animal, do trabalho humano.
É, por isso, transformação contínua, luta constante.
Tudo pode ser compreendido, transformado,
melhorado. aperfeiçoado:  
o mundo, a vida, a sociedade,
o ser humano, o conhecimento,
a ciência, a consciência, a verdade.
A ciência busca a civilização, a humanização,
a sociedade inclusiva,
dessacraliza o mistério, o destino, a sorte, a fatalidade,
desvela a alienação, o preconceito,
a exploração do ser humano pelo ser humano.   

 

segunda-feira, 2 de março de 2020

A REALIDADE FANTÁSTICA DE UM PAÍS COLONIZADO

                                                                                                          Isaac Warden Lewis*
A realidade social e política de um país colonizado, como o Brasil, é mais fantástica do que a ficção  produzida por autores latino americanos (incluindo autores luso brasileiros). Stanilaw Ponte Preta produziu livros, na década de 1960, revelando o festival de besteiras que assolava o país, denominado Brasil. Percebemos que há necessidade de autores brasileiros debruçarem-se sobre os festivais de besteiras do Brasil Colônia, Brasil Império e do Brasil República pós morte de Stanilaw  Ponte Preta. Possivelmente essa gigantesca obra deveria chamar-se Festival de Horrores que assolaram/assolam o país.  Há necessidade, por exemplo, de alguém ir estudar na Universidade de Chicago e retornar ao Brasil para afirmar que os servidores públicos brasileiros são parasitas, sem explicitar que servidores são realmente parasitas ou dizer que até as empregadas domésticas estão viajando para Disney? Será que alguém que estudou na Universidade de Chicago sabe que, no Brasil Colônia e Brasil Império, traficantes, senhores e senhoras escravagistas analfabetos viajavam  para Paris para comprar roupas, perfumes e livros em francês somente para exibição?
Precisamos lembrar que a proposta de educação democrática, defendida por John Dewey e outros filósofos educacionais americanos, formou/forma jovens doutores que entraram/entram em bombardeiros e jogaram/jogam bombas  em países orientais (Japão, Vietnam, Iraque) sem remorsos de serem heróis genocidas.  Que educação democrática é essa? Na década de 1960, muitos oficiais militares de países latino americanos (incluindo o Brasil, é claro) foram estudar nos Estados Unidos e, ao retornarem aos seus países, participaram de golpes militares contra os governos democráticos que não eram da simpatia do Complexo Industrial Militar dos Estados Unidos. Não haveria necessidade de a Secretaria Estadual de Educação de Rondônia explicitar que formação tiveram e onde se formaram os assessores e os técnicos educacionais que censuraram os livros de Machado de Assis, Mário de Andrade, Euclides da Cunha, Rubem Fonseca, Ferreira Gullar, Nelson Rodrigues, Carlos Heitor Cony, Aurélio Buarque de Hollanda Ferreira, Franz Kafka, Edgar Allan Poe, entre outros?
Em um país onde a grande maioria da população é constituída de analfabetos funcionais com diplomas, que necessidade há ou que sentido faz censurar os livros dos autores citados pelos censores ou inquisidores modernos? Esses inquisidores censores leram funcionalmente quantos livros durante sua formação escolar? Arriscamos afirmar que nem leram os livros da bíblia que costumam chamar de sagrados. Se tivessem lido funcionalmente a bíblia, teriam  observado que ela está cheia de ideias e conteúdos inapropriados, como preconceitos e discriminações contra os outros, contra as mulheres, além de informações incorretas sobre o mundo, a natureza e sobre os seres humanos. Os censores inquisidores deveriam ficar atentos às ideias e aos conteúdos contidos nos livros sagrados de todos os povos.  O que sabem dos livros que constituem a bíblia foi-lhes contado por algum  pastor. Como foi a formação desse pastor? Quantas vezes esse pastor viajou para os Estados Unidos para receber orientações de como alienar as mentes e os corações dos crentes do Terceiro Mundo? Do mesmo modo, precisamos saber como se dá a formação de um juiz, secretário de polícia, policial, militar, médico, professor, advogado em um país colonizado que não mudou a formação de sua casta política escravagista com a proclamação da independência, com a proclamação da abolição, com a proclamação da república. A propósito, o roteiro do filme “Queimada” (1969), dirigido por Gillo Pentecorvo, revela como um país colonizado por um país europeu pode se tornar independente, tornando-se, ao mesmo tempo, colonizado por outro país imperialista.
A realidade social e política fantástica do Brasil seria melhor compreendida, se tivéssemos algumas das respostas para as perguntas feitas nos parágrafos anteriores. Talvez a leitura dos livros “Fahrenheit 451”, de Ray Bradbury; “O admirável mundo novo”, de Aldous Huxley; “1984”, de George Orwell; “A crônica da morte anunciada”, de Gabriel Garcia Marques, “O inspetor geral”, de Nicolai Gogol; “O processo”, de Frank Kafka, “Os ratos”, de Dyonelio Machado seja suficiente para entendermos a sociedade colonizada brasileira fantástica. Mas, atenção, é preciso adquirir esses livros urgentemente antes que os inquisidores censores dos tempos das trevas medievais contemporâneas resolvam censurar esses livros.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

HUMANIDADE CÓSMICA

Isaac Warden Lewis

Oriundo da poeira cósmica,
o ser humano é apenas um ser
que rasteja sobre a Terra.
Sente fome e sede.
Defeca e urina.
Veste-se e abriga-se.
Trabalha e descansa.
Ama e odeia.
Ri e chora.
Cuida de seus filhos.
Ensina sua juventude.
Cuida de seus doentes.
Enterra seus mortos.
Anseia viver entre seus semelhantes.
Busca explicações do universo e da vida.
Inventa e destrói coisas.
Acerta e erra.
Aperfeiçoa os acertos e corrige os erros.
Armazena e renova conhecimentos em seu cérebro.
Acredita e duvida.
Pensa e sonha.
Tem esperanças e temores.
Deseja viver para sempre.
Morre depois de cansar-se de todas essas coisas,
retornando à poeira cósmica
para alimentar minúsculos seres vivos.
_______________
Do livro “Sentimento e consciência”.

domingo, 2 de fevereiro de 2020

A SÍNDROME DORIAN GRAY INVERTIDA: EXPLICAÇÕES EQUIVOCADAS

                                                                                                              Isaac Warden Lewis*
Não resta dúvida de que o transplante de valores e concepções culturais europeias em países colonizados da Ásia, África e América (incluindo os Estados Unidos que preservaram valores e concepções dos colonizadores do século XIX) constituiu e ainda constitui distorção e equívoco para compreender o contexto econômico, político e social dos países colonizados. No Brasil, explicações equivocadas da realidade social produzem a síndrome Dorian Gray invertida (ou talvez a síndrome Dorian Gray invertida produza explicações equivocadas). O escritor irlandês Oscar Wilde (1854-1900), em sua obra O retrato de Dorian Gray, apresenta um personagem, fisicamente belo, o qual descobre que seu retrato degenera à medida que ele comete crimes e iniquidades contra seus semelhantes. Nos países colonizados, elementos das classes favorecidas cometem crimes e iniquidades contra os elementos das classes desfavorecidas e se imaginam e/ou se retratam como pessoas belas, civilizadas, cristãs, europeias.
No Brasil, em 1822, o príncipe D. Pedro, herdeiro do trono de Portugal, proclamou a independência do Brasil de Portugal e ainda tornou o Brasil um império. Império de quê? Transplantaram-se títulos nobiliárquicos europeus para tornar traficantes, senhores e senhoras escravagistas (ignorantes e analfabetos) barões, baronesas, duques, duquesas, marquês, marquesas. Em 1889, traficantes, senhores e senhoras escravagistas falidos proclamaram a república no Brasil. Se estivessem na França em 1789, esses elementos teriam sido fuzilados ou enforcados pelos revolucionários franceses. E para acentuar o exotismo de um país colonizado, seus estudiosos mamelucos transplantaram o lema Ordem e Progresso. Ordem significava, no Brasil, a manutenção paradoxal de ideias  do catolicismo medieval e de propriedade latifundiária, herdadas do reino feudal de Portugal. Progresso de quê? Para quem? No contexto da sociedade brasileira, tanto no império quanto na república, não havia/ não há burguesia, classes medias, proletariados, ou seja, nunca houve acumulação primitiva do capital para propiciar progresso, desenvolvimento econômico autônomo, independente, pleno. Houve, sim, há, sim, homens de negócios que compravam e compram produtos manufaturados de países altamente industrializados, vendiam e  vendem produtos agrários para as metrópoles europeias. Também compravam e vendiam escravos, exploravam violentamente trabalhadores livres. Progresso, portanto, como lema não significava nada. Era e ainda é pura abstração das classes favorecidas brasileiras colonizadas. Basta lembrar que a expropriação das terras dos nativos, a monopolização dessas terras, a exploração dos recursos naturais e minerais, o modo de produção agrário-exportador, a relação de produção entre as classes favorecidas dos países colonizados e as classes privilegiadas dos países colonizadores, a relação de produção entre as classes favorecidas e as classes desfavorecidas nos países colonizados – tudo isso foi estabelecido pelas classes privilegiadas das metrópoles colonizadoras.
Em 1964, oficiais das Forças Armadas implantaram ditadura militar no Brasil com apoio do Complexo Industrial Militar dos Estados Unidos e com a anuência das classes favorecidas brasileiras (empresários emergentes, latifundiários e católicos conservadores). O golpe militar reafirmou a vocação colonizada e subordinada das classes favorecidas brasileiras a uma metrópole imperial, no caso, os Estados Unidos que substituíam a hegemonia das metrópoles europeias que vigorou até a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).  Agora, a classe favorecida, portadora da síndrome Dorian Gray invertida, explicava a necessidade da ditadura, da tortura e até de assassinatos políticos para implantar a democracia liberal no país.
Somente o delírio, provocado pela síndrome Dorian Gray invertida, explica que há no Brasil burguesia, classe média alta, classe média baixa, proletariado, tal como nos países capitalistas centrais. Os estudiosos não explicam por que muitos elementos dessas supostas classes se sentem vocacionados para se subordinarem a países imperialistas (primeiro, Inglaterra, depois, os Estados Unidos). Entendemos que o transplante de categorias sociais europeias não explica a mediocridade geral dos estratos sociais presentes na sociedade brasileira. O que temos no Brasil desde a invasão dos portugueses são classes favorecidas e classes desfavorecidas, ambas subordinadas aos interesses das classes privilegiadas dos países colonizadores. 
__________________

·         Professor aposentado da Faculdade de Educação/UFAM

 

 

 

sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

DILEMA HUMANO

                                                                                                       Isaac Warden Lewis

As nuvens que se formam no céu   
transformam-se em chuva.
Depois, o sol volta a brilhar.
E o ser humano vê renovadas
as condições de sua existência.
As nuvens radioativas formadas no céu
em virtude do lançamento das bombas
tornarão a Terra poluída.
E o ser humano verá desaparecerem
as condições de sua existência. 
Felizmente o ser humano possui um cérebro
para ajudá-lo a decidir:
Se a humanidade deve sobreviver inteligentemente
Ou desaparecer do universo ignominiosamente.
_____________
Do livro “Sentimento e consciência”

 

 

 

 

sábado, 18 de janeiro de 2020

A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO E DA VIDA SUSTENTÁVEL NA AMAZÔNIA



                                                                                                        Isaac Warden Lewis

Quando os portugueses e espanhóis chegaram  na Amazônia a partir do século XVI, os nativos desse território já adotavam processos de produção e de manutenção de suas vidas de modo que a fauna, a flora, o solo e os recursos hídricos não se deteriorassem. Os europeus ignoraram a sabedoria dos nativos que viviam na região centenas e centenas de anos antes da chegada dos europeus. Os nativos da Amazônia sabiam que todos os elementos da floresta se relacionavam entre si de modo que qualquer alteração drástica em um elemento prejudicava drasticamente outro ou outros elementos que compunham a flora e a fauna da floresta. Na realidade, os nativos da América, África e Ásia sabiam que havia conexão entre o ar, a água, as plantas, os animais e os seres humanos muito antes de os ambientalistas europeus, norte-americanos ou japoneses fazerem tal descoberta a duras penas.
A população nativa, ao reagir à obrigação de atuar danosamente sobre os frutos da terra e sobre a própria terra como trabalhadores escravos, foi considerada preguiçosa pelos colonizadores, que pretendiam viver da escravização da população nativa sem trabalharem, eles, sim, preguiçosos e exploradores  de povos e de terras invadidas.
No século XVI, os reis ou as rainhas de Portugal, os funcionários e os letrados da corte portuguesa insistiram em afirmar hipocritamente que os nativos da América e da África eram preguiçosos, indolentes e selvagens com o objetivo de mascarar suas condições de espoliadores dos habitantes, exploradores das terras invadidas e sua tradicional preguiça em trabalharem para produzir suas próprias condições de vida.
Dessa forma, não nos surpreendemos que um juiz, um procurador, um ouvidor, um secretário de segurança um médico, um advogado, um político, um militar ou um policial da época contemporânea faça declarações preconceituosas contra os nativos da América ou da África e de seus descendentes, como, por exemplo: “Índio não gosta de trabalhar” ou “Negro não gosta de trabalhar”. Na verdade, esses profissionais  tentam mascarar e justificar os crimes perpetrados pelas classes favorecidas de Portugal (no período colonial) e do Brasil (latifundiários, traficantes, senhores e senhoras de escravos e os letrados que serviam os interesses das classes favorecidas) no período do império.
O que os jornais, revistas ou livros deveriam revelar é onde e como esses profissionais se formaram. Revelar as instituições educacionais (públicas, particulares ou militares) que formam profissionais liberais ou militares preconceituosos, racistas e ignorantes. Esses profissionais esquecem que,  no Brasil-Colônia e no Brasil-Império, a maioria dos índios, negros, mamelucos, mulatos, cafuzos não tinha acesso a conhecimentos científicos e os letrados e as classes favorecidas podiam expressar seus preconceitos como se fossem conhecimentos supostamente verdadeiros. Porém, no Brasil contemporâneo, os índios, os negros e os outros elementos das classes desfavorecidas estão reescrevendo a história do país, chamado Brasil, resgatando a sua história coletiva, refazendo a educação de seus filhos e aprofundando o entendimento da realidade natural e social em que vivem. Em suas comunidades, os filhos de índios e de negros podem aprender melhor do que nas escolas comprometidas com projetos de país colonizado, subordinado a países colonialistas. Um provérbio bantu ensina que: “Uma pessoa é uma pessoa através de outras pessoas”. Acrescentamos: Tanto para o bem, como para o mal.