Isaac Warden Lewis
O
Senhor Roberto Jefferson, ex-deputado, advogado, declarou, ao ser preso em sua
residência, que ele não poderia ser preso porque ele não era do PCC. Ele
poderia também acrescentar que não era do CV, do PC ou do PCB ou de qualquer
partido anticapitalista e não era morador em uma favela. Ao que parece, todos
os letrados, como ele e o ministro da Justiça, Anderson Torres são sobreviventes
do período colonial português, por isso, ignoram todas as revoluções
(intelectuais, comerciais, industriais, sociais) ocorridas na Europa do século
XIV ao XIX que aboliram privilégios, condenaram discriminações e preconceitos
contra as classes desfavorecidas. Não me consta que esse Ministro da Justiça
tenha, alguma vez, se dirigido a uma favela da periferia invadida para
investigar a legalidade ou a constitucionalidade de tais operações policiais.
Tais invasões policiais covardes afetam mais o prestígio do país no mundo do
que uma revolta de um deputado e advogado com visões de mundo muito mais
confusas do que as defendidas pelos terroristas do Taliban ou do Boko Haram e
as atitudes guerrilheiras destes terroristas são mais coerentes e honrosas do
que o exemplo vergonhoso assumido pelo advogado e ex-deputado Roberto
Jefferson.
No
período colonial, os navegantes portugueses que acharam o território
brasileiro, por acaso, chegaram em caravelas, trazendo canhões, mosquetes,
arcabuzes para atirarem covardemente nos nativos desarmados da América e da
África em nome de Cristo para se apropriarem de suas terras e explorarem sua
força de trabalho. Nas caravelas, também vieram ouvidores, juízes e promotores
do rei para garantir a justiça e a ordem na colônia e punir os nativos que se
rebelassem contra as ordens do rei e do papa. O que as faculdades de Direito têm ensinado,
de fato, a advogados como Roberto Jefferson e Anderson Torres? Será que estudam
ainda as Ordenações medievais, prenhe de preconceitos e discriminações,
promulgadas pelos reis de Portugal no período colonial? Os advogados formados
em faculdades fundadas, segundo o programa de ensino vigente no período
colonial e medieval, poderiam, ao menos, ler bons livros de História universal,
consultando os eventos históricos ocorridos do século XIV ao XIX, época em que
vigorava, no Brasil, a cultura medieval portuguesa.
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