Isaac Warden Lewis
A disputa
eleitoral em 2022 no Brasil revelou-se pedagogicamente dialética. A máquina
governamental da mentira, vigarice e do estelionato que desgovernava o país
desde 2019 foi suplantada pela ânsia de verdade, justiça, liberdade, igualdade
e fraternidade da maioria de homens e mulheres que vivenciaram práticas de
desrespeito, desonestidade e traição a princípios basilares da sociedade
brasileira.
É verdade que os
cidadãos que se autodenominam conservadores não sabem o que esse termo
realmente significa. O que querem conservar, que tradição aspiram conservar? Os
conceitos importados de países da Europa Ocidental geralmente são distorcidos
ou atribuídos significados completamente diferentes dos usados em países
desenvolvidos. Em países colonizados, como o Brasil, a tradição das classes
favorecidas é restringir a compreensão de conceitos que poderão ser-lhes
desfavoráveis. Um exemplo disso é de um colunista articulista que qualificou o
movimento terrorista do governo federal de “conservador revolucionário”. Esse
articulista parece não saber o que seja “um conservador” e nem sabe o que seja
“um revolucionário”. Uma outra confusão muito frequente é designar as “confusões débeis mentais” de
políticos e governantes atuais de “fascistas” ou “nazistas”. Esses políticos e
governantes são herdeiros de bandidos que ocuparam as terras dos nativos que
viviam no território achado casualmente por navegantes portugueses em 1500. E
desde então, esses aventureiros espoliaram os nativos de suas terras, assassinaram
covardemente milhares e milhares de nativos, nativas e suas crianças,
escravizaram os sobreviventes e, além disso, adotaram práticas destrutivas
contra a natureza, a fauna, a flora, os rios e os mares em nome da civilização,
o que significou, na verdade, a adoção de modos de produção financiados por
capitalistas europeus.
Depois da
independência de Portugal em 1822, políticos, letrados e militares
luso-brasileiros continuaram administrando o território a serviço de metrópoles
que planejaram o modo e a relação de produção do país chamado Brasil, que nunca
revogou os conteúdos racistas, discriminatórios e preconceituosos da cultura
medieval, contidos nas Ordenações elaboradas pelos reis de Portugal no século
XVI.
Entretanto, do
século XIV ao século XIX, a Europa passou por muitas revoluções: a Comercial, a
Intelectual (a Renascença, o Iluminismo), a Religiosa, a Industrial
(Inglaterra), a Social (Inglesa e Francesa) . Nesse período, o que vigorou no
Brasil foi o domínio e a expansão do latifúndio, a sociedade escravagista, a violência colonial
contra nativos da América e da África, ou seja, a espoliação das terras dos
nativos e a exploração violenta da força de trabalho dos nativos da América e da África. Na colônia portuguesa,
os políticos, os letrados, os juízes, os militares , os latifundiários não
tomaram conhecimento ou fingiram não tomar conhecimento das lutas dos
Movimentos Populares na Revolução Francesa (1789) que aboliu privilégios,
distinções, realizou reforma agrária, extinguiu a monarquia, condenando à morte
na guilhotina o rei Luís XVI, a rainha Maria Antonieta e muitos latifundiários
conservadores medievalistas. Fundou-se, então, a república moderna.
Em resumo, a
vitória da Frente Ampla Democrática, liderada por Luís Inácio Lula da Silva,
foi dialética porque seus eleitores exerceram o direito de destituir um
desgoverno, que não respeitava os interesses e as necessidades da maioria da
população como apregoavam os Movimentos Populares que realizaram a Revolução
Francesa, seguindo os ideais políticos de Jean-Jacques Rousseau..
Para
sabermos realmente o que são revolução,
revolucionário e Movimentos Populares, podemos também estudar as Histórias
da Revolução Russa de 1917, a Revolução Chinesa de 1949 e a Revolução Cubana de
1959. Nesses países, os autores de crimes políticos e peculatos são punidos e
sumariamente executados, o que explica a raiva dos conservadores medievalistas
brasileiros contra esses países.