quinta-feira, 1 de abril de 2021

AS MENTIRAS INSTITUCIONAIS DE UM PAÍS COLONIZADO

                                                                            Isaac Warden Lewis

Vamos discordar do Senhor Luiz Inácio Lula da Silva quando ele afirmou que foi vítima da maior mentira jurídica em mais de quinhentos anos da história do Brasil. Infelizmente, o ex-presidente demonstra não conhecer a verdadeira história do Brasil. Neste país, tudo sempre foi uma grande mentira, tanto no período colonial quanto no período imperial e no republicano. 

A primeira grande mentira foi contada pelos portugueses e pelos luso-brasileiros que diziam ser “descobridores, conquistadores, desbravadores” das terras brasileiras, fingindo não saber da existência de inúmeros grupos de seres humanos que habitavam essas terras há milhares de anos. A outra grande mentira foi se assumirem como proprietários dessas terras, impedindo os nativos de usufruírem delas como já faziam há milhares de anos. A outra grande mentira, aceita como verdade, foram as discriminações e preconceitos emitidos nas bulas papais e nas ordenações elaboradas pelos reis de Portugal contra os povos que habitavam a Ásia, África e América. A outra grande mentira foi os colonizadores, os colonos portugueses e luso-brasileiros considerarem os nativos da América, África e Ásia como bárbaros e selvagens, enquanto assumiam o direito legal, contido nas bulas e ordenações, de praticarem barbáries e selvagerias contra os nativos dos continentes invadidos. A outra grande mentira foi afirmarem aos nativos desses continentes que os europeus, supostamente cristãos e civilizados, aportaram a esses continentes para ajudá-los a se tornarem “civilizados e cristãos”.

A outra grande mentira foi a chegada de padres de várias ordens religiosas, que se diziam “homens santos”, para ensinarem aos nativos o “amor de Cristo”, juntamente com os colonos e colonizadores, armados com bacamartes e canhões, para trucidarem os nativos, caso não aceitassem os preceitos da “civilização europeia” e o “amor de Cristo”. Nos períodos imperial e republicano, o exército brasileiro continuou praticando crimes e genocídios contra os indígenas, os afro-brasileiros, os cafuzos, os mulatos, os brancos como se isso fosse natural.  E para terminar essa longa lista de mentiras institucionais, o poder judiciário, o poder político, o poder policial, o poder militar sempre agiram parcialmente em favor das classes favorecidas nacionais e das classes privilegiadas internacionais e sempre em desfavor dos segmentos das classes desfavorecidas.

É muito difícil, para nós, brasileiros, indígenas, afro-brasileiros, nos convencermos que só em 2018, o senhor Luiz Inácio Lula da Silva tenha sido vítima da maior mentira do poder judiciário desde a invenção desse país, um estado burocrático de direito, levando-se em conta que os membros privilegiados de todos os poderes mencionados acima pertenceram ou pertencem ou estão ligados aos elementos que invadiram e escravizaram nativos da América e da África violentamente em nome da civilização e de um suposto indivíduo que teria vivido na Judeia. O governo do Partido dos Trabalhadores nada contribuiu para combater as maiores mentiras que orientaram  as práticas de injustiças e as desigualdades sofridas pelas classes desfavorecidas desse país, haja vista que os direitos das trabalhadoras domésticas só foram promulgados no Brasil graças às pressões de órgãos internacionais porque até o século XXI elas trabalhavam e viviam como escravas domésticas de muitas senhoras que se diziam livres e feministas.  

 

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