Isaac Warden Lewis*
Pessoas de todos
os países do mundo estão tendo a oportunidade de apreciar o espetáculo da
cultura pseudodemocrática dos Estados Unidos da América do Norte (excluindo o
México e o Canadá) em sua eleição presidencial de 2020. Vale dizer que antes de
ser um estado democrático de direito, os Estados Unidos são, na verdade, um
estado burocrático de direito tal como os países colonizados da América Latina,
da África e da Ásia. Podemos entender por que os líderes políticos e militares dos
Estados Unidos, a serviço do seu Complexo Industrial-Militar, utilizaram a força para implantar ditaduras
nas Filipinas, na República Dominicana, Guatemala, Argentina, no Haiti, Chile,
Brasil etc. ou apoiaram regimes pseudodemocráticos em várias partes do mundo.
Para a elite política norte-americana (formada em escolas e universidades,
ditas democráticas), esses países tinham de ser a imagem e semelhança dos
Estados Unidos: Países com forças armadas fantoches e sistema político,
jurídico-policial corrupto para controlar a população nativa, garantindo, desse
modo, os interesses das classes
privilegiadas de países colonizadores imperialistas e das classes favorecidas
dos países colonizados (incluindo os Estados Unidos).
Essas classes
privilegiadas e classes favorecidas são herdeiras dos invasores europeus (espanhóis,
portugueses e ingleses) que abandonaram a Europa a partir do século XVI, trazendo,
em sua bagagem bíblias e armas de fogo e
a recusa sistemática em aceitar ideias novas sobre o mundo, o universo que
haviam sido desenvolvidas a partir do século XV por cientistas como Nicolau
Copérnico (1473-1543), Johannes Kepler (1571- 1630), Galileu Galilei
(1564-1642), entre outros. Tais ideias científicas refutavam totalmente as historinhas pré-históricas contidas
na bíblia. Os invasores católicos e protestantes trouxeram as novas
experiências mercantilistas que vinham se desenvolvendo nos burgos da Europa.
Para esses invasores, pobres e ignorantes, o que importava era o lucro. Não lhe
importavam tanto os conhecimentos científicos produzidos na Europa quanto os
conhecimentos tradicionais dos povos nativos da América, África e da Ásia, a
não ser, desvirtuando-os para servir seus interesses mesquinhos. Desse modo as
ideias de reforma religiosa, do humanismo, do renascimento, do iluminismo, da
revolução inglesa, revolução francesa, do socialismo, foram totalmente
amesquinhadas para produzir ideias de democracia, humanismo, cristianismo, civilização
totalmente deturpadas, empobrecidas, para beneficiar as classes capitalistas e
favorecidas norte-americanas e isso ocorreu também em países colonizados da
América Latina, África e da Ásia. Para os colonizadores europeus, civilização
era barbárie, democracia era ditadura, participação política era golpe de
estado, além de praticarem genocídio, racismo, xenofobia, misoginia e
intolerância religiosa. É por isso que os sistemas políticos, jurídicos,
militares, policiais, educacionais dos Estados Unidos e dos países colonizados
da América Latina, África e Ásia são muito parecidos, produzindo burocratas e
letrados que ainda se orientam, profissional e intelectualmente, pelas
Ordenações, elaboradas, na Idade Média, por reinos europeus para orientarem e
explorarem as populações nativas da América, África e Ásia, com o objetivo de
se apropriarem de seus recursos materiais e naturais.
É importante
ressaltar que imigrantes de todas as partes do mundo, adeptos de ideias
renascentistas, iluministas, revolucionárias, libertárias e científicas também
aportaram ao continente americano, o que explica, de certo modo, o
desenvolvimento de pensamento crítico em vários setores culturais e artísticos
da sociedade norte-americana.
Contrapondo-se aos
colonizadores europeus e aos seus herdeiros, os nativos da América, África e
Ásia têm empreendido lutas para defender sua terra, vida, cultura, seus
direitos, apesar de contarem com armas desproporcionais com relação as armas
possuídas pelos europeus. Isso explica os morticínios, as barbaridades e as
ações terroristas praticados pelos colonizadores contra os povos (homens,
mulheres e crianças) dos territórios invadidos. Do mesmo modo, os setores
desfavorecidos dos países colonizadores não puderam impedir que as classes
privilegiadas e favorecidas cometessem crimes contra a humanidade nos países
invadidos. Contemporaneamente, temos testemunhado setores da população de
países colonizadores (Estados Unidos, Reino Unido, França etc.) protestarem
contra o envio de tropas militares ou a intervenção de força de seus governos
nos países outrora colonizados.
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