Isaac Warden Lewis*
“Quem com ferro
fere, com o ferro será ferido”. As classes favorecidas e desfavorecidas de
países colonizados deveriam prestar mais atenção aos ditados universais e populares,
conhecidos desde a Antiguidade porque o mundo é redondo, como foi comprovado
por estudiosos e cientistas, como Nicolau Copérnico, Galileu Galilei, Johanes
Kepler e Giordano Bruno durante a Renascença na Europa. E contra os fatos
examinados, verificados e provados, não há nenhuma divindade que possa mudá-los.
Aprendemos, com isso, que todo mistério pode ser desvendado, desvelado e
explicado. Somente os tolos, que
costumam seguir tolos, vigaristas e chalartões, não conseguem entender as leis
da natureza, exposta através da Ciência. No Brasil, país colonizado por
excelência, várias pessoas das classes favorecidas e das classes desfavorecidas
pregam políticas igualitárias para si e políticas de desigualdade para os
outros e não percebem que, ao admitirem isso, estão, na verdade, propondo e
admitindo políticas de desigualdade para todos. Os colonizadores portugueses
chegaram ao Brasil no século XVI, trazendo ideias pré-históricas, medievais, discriminando
negativamente povos da América, África e Ásia com o intuito de se apossarem de
seus territórios , dos recursos minerais
e vegetais desses territórios através da violência e da exploração violenta da
força de trabalho da população que vivia nesses continentes. Alguns
luso-brasileiros e europeus desavisados aceitaram essas práticas violentas
eurocêntricas como normais, não percebendo que tais práticas também valiam para
atingi-los. É que os luso-brasileiros, os católicos e os evangélicos alienados
e ignorantes preferiram ignorar as críticas religiosas feitas pelos
reformadores contra a Igreja Católica Apostólica Romana, os princípios
defendidos pelos filósofos do Iluminismo francês contra os privilégios da
nobreza feudal, as lutas dos revolucionários franceses em favor de uma
sociedade justa e igualitária, a crítica do modo de produção capitalista feita
pelos filósofos e revolucionários marxistas a partir do século XIX.
Para as classes
favorecidas da sociedade brasileira, o Brasil tinha de continuar a ser uma
feitoria colonial para atender as metrópoles capitalistas europeias ou
norte-americanas e garantir seu papel de lacaios para administrar política,
militar, jurídica e policialmente a sociedade brasileira, mantendo a violência,
a injustiça e a desigualdade social construídas pela sociedade medieval portuguesa
a partir de 1500.
A proclamada
independência política de 1822 não aboliu a política autoritária, medieval,
colonialista e discriminatória praticada por autoridades políticas, militares,
jurídicas e policiais luso-brasileiras que insistiram com práticas
conciliadoras que mantêm a sociedade injusta e desigual. É hora de combatermos
as políticas conciliadoras entre opressores e oprimidos. Precisamos fazer nossa
opção pelos oprimidos e combater vigorosamente os que fazem a opção pelos
opressores.
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