Isaac Warden Lewis
No
século XIX, Karl Marx sugeriu que a humanidade contemporânea ainda vivia na
pré-história. Hoje estamos no século XXI, que é um tempo convencional,
estabelecido pelos papas da Igreja Católica Apostólica Romana.
A
cada dia que passa, penso que Marx estava absolutamente certo, pois acredito
que a discussão sobre se o ensino religioso deve ser ministrado por um
sacerdote (padre, pastor, rabino, imã, pai de santo ou mãe de santo) ou um
professor ou cientista é uma discussão medieval, feudal, inquisitorial.
Infelizmente
muitos crentes e sacerdotes insistem em interferir nas ações políticas do
estado laico, não se dando conta de que há muito tempo foi deliberada a
separação entre o estado e a igreja, entre o profano e o religioso. Esquecem
que a luta histórica das igrejas e das seitas religiosas, em geral, foi contra
a interferência do estado nas ações de suas organizações. Esquecem também que historicamente condenavam
práticas profanas e, depois, passaram a praticar ritualisticamente ações
profanas.
No
Brasil, colonizado pelos portugueses, os padres católicos em suas escolas e
igrejas, não discutiam os conhecimentos científicos desenvolvidos após a
Renascença e somente, a partir de 1930, a muito custo e com muita luta, os
pedagogos, professores, cientistas e escritores, comprometidos com a renovação
da educação nacional, começaram a propor o ensino de ciências nas escolas.
Graças aos educadores da Escola Nova, o Brasil tem seus institutos de pesquisa,
suas universidades, onde muitos alunos e professores estão comprometidos com a
ciência, com a verdade.
Se
tivéssemos assumido as ideias e as críticas negativas dos setores religiosos,
nunca saberíamos que os vírus e as bactérias provocam doenças, as quais são
combatidas através de medidas profiláticas, higiênicas e medicinais propostas
pelos cientistas.
Marx
declarou que “a religião é o ópio do povo”. Penso também que Marx estava certo,
pois o currículo escolar prevê o ensino de História e de Geografia. Numa
educação de qualidade, os educandos podem e devem aprender sobre a história das
religiões quando estudam História Geral e podem e devem aprender sobre as
religiões de uma país, de uma região quando estudam Geografia.
Entendo
que educação de qualidade é aquela
que propicia práticas de ensino-aprendizagem para que os educandos aprendam a ler e a
escrever, a refletir criticamente sobre o que leem e escrevem, aprendam a
aprender, metódica e sistematicamente, os conteúdos curriculares e, por fim
aprendam a relacionar os conteúdos com a
realidade natural e social em que vivem.
Não
acredito que a maioria dos sacerdotes esteja disposta ou tenha competência para
proporcionar um ensino pleno do desenvolvimento das religiões ao longo da
História da Humanidade e, em especial, a história de sua própria religião.